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18 de ago. de 2014

Livro ajuda como explicar o suicídio para crianças

Se para o adulto enfrentar o luto pelo suicídio já é bem difícil, imagina para as crianças? Há quem acredite que apenas deixando de falar sobre o assunto, o tempo se incumbirá de resolver a questão. Pura crença, conforme afirma a psicóloga Karen Scavacini, autora de um livro sobre suicídio pra crianças.

“E agora? Um livro para crianças lidando com luto por suicídio”, da All Print Editora, que será lançado no próximo dia 23/08, das 15h às 18h, na livraria da Vila do JK Iguatemi, em São Paulo, ajuda a explicar o suicídio para os pequenos. No dia seguinte, 24, é a vez de estrear na Bienal do Livro, no Anhembi, em uma tarde de autógrafos, das 17 h às 20h.

Com ilustrações de Andrea Brazil, linguagem de fácil entendimento e atividades para serem preenchidas e refletidas durante as 64 páginas, a autora menciona dados preocupantes sobre a taxa de suicídio e informa que há várias maneiras de auxiliar. “Explicar e conversar sobre o suicídio com uma criança é uma tarefa difícil e, muitas vezes, desafiadora. Porém, é muito importante que cada família encontre sua forma única de quando, como e o quê contar, para que a criança saiba a verdade, com uma linguagem e detalhes adequados à sua idade e às suas características, e que ela tenha com quem contar. Muitas vezes, a criança não sabe o que dizer para os outros e precisa ser ajudada nesse percurso”, conta a psicóloga.


Como explicar o suicídio para crianças

De acordo com dados de 2010 da Organização Mundial de Saúde, para cada morte por suicídio há uma média de cinco a dez pessoas que são afetadas, em sua maioria das vezes, com laços consanguíneos. Alguns autores acreditam que o número é ainda maior, de 28 a 50 pessoas, dependendo da faixa etária e da quantidade de familiares.

“Há um aumento da depressão, deterioração de laços familiares e luto traumático. Há uma crença que se não falarmos sobre o assunto ele se resolverá sozinho com o tempo, mas isso não pode ser mais errado ao se pensar no luto por suicídio. No final, as pessoas sabem, e as crianças também, o que leva muitas vezes a descoberta pela criança da forma errada, sem a sensibilidade e proteção que a família pode ter”, afirma Karen, que também é Mestre em Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio.

Diferente de muitos países, esse tipo de morte continua crescendo no Brasil: média de 1 suicídio a cada hora. Mas, independentemente dos números alarmantes, o tema já é assustador. São inúmeras possibilidades que levam as pessoas a cometerem o suicídio e muitas vezes só restam choque, dúvidas, conjecturas e tristeza para os que ficam.  O cenário é ainda pior quando estão envolvidos crianças e adolescentes, que muito cedo precisam tentar entender e lidar com um problema pouco falado e que mesmo os adultos têm dificuldade em assimilar.

“O livro é uma ferramenta de diálogo e contato. É uma forma de mostrar para as crianças que elas não estão sozinhas, que muitas outras crianças passaram e estão passando pelo mesmo que elas. Mostrar que o luto é um processo, difícil e longo, mas que dor não dura para sempre da mesma forma. Ajudar as crianças a darem um sentido ao que aconteceu. Do jeito delas. Não passar por cima do luto e sim passar pelo luto”, explica Karen.

Karen Scavacini
Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em Gestalt Terapia pelo Instituto Sedes Sapientiae (2004). Mestre em Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio no Instituto Karolinska – Suécia (2011).Doutoranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano.
http://www.karenscavacini.com

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